ACORDO ORTOGRAFICO

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19/09/2017

673 - Árvore



Árvore



cego
de ser raiz

imóvel
de me ascender caule

múltiplo
de ser folha

aprendo
a ser árvore
enquanto
iludo a morte 
na folha tombada do tempo


Mia Couto

15/09/2017

672 - Impressão digital




Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

António Gedeão - Impressão digital 




19/07/2017

668 - Das chuvas de Verão


Nem imaginam o tamanho do contentamento
quando uma chuva de Verão me apanha na rua sem guarda chuva


Chuva de verão
Cheiro de terra molhada
Lava-me a alma
e solta a menina  endiabrada



05/07/2017

664 - Dos espiritos livres



Haverá sempre em mim, como que uma bolha prestes a explodir
uma vontade de mudança, um desejo de voar
e ser livre... livre... livre




10/06/2017

660 - Main


dizem os físicos
que dois corpos
não podem ocupar

o mesmo espaço
ao mesmo tempo

estão errados

num abraço
podem

num abraço
devem 


Trouxe daqui - Xilre

05/06/2017

659 - Da dança que a vida é



De tudo ficaram três coisas
A certeza de que estamos começando
A certeza de que é preciso continuar
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar
Façamos da interrupção um caminho novo
Da queda, um passo de dança
Do medo, uma escada
Do sonho, uma ponte
Da procura um encontro

Fernando Sabino