A papoila tem o tom vermelho, rubro da festa em brasa.
E, no verde manso do trigal – se aparece
É o grito que contesta a cor certinha o ondular cadente
ao toque do tempo – compassos do vento!…
É a gargalhada insólita, inesperada
que desfralda a revolta recalcada !
E… a papoila sabe!
Cativante! – Erótica, ao tacto macia…
tem toque de pele – morna como um ventre …
tem toque de seda – um mole de veludo
– Um nada de cada – um pouco de tudo …
Por isso, disfarça o olhar pestanudo
de estames fartos que o ópio perturba…
– Sabe-lhe o negrume e esconde-o bem
na cor escaldante que as pétalas tem.
– Bem de longe chama! – sou de sangue e lume!
– Sou de sangue e lume!…
– E, só se colhida – de morte já ferida
em requebro de tango, maldosa, perdida
sensual, pagã – confessa o ciúme
de usar veneno em vez de perfume.
Maria José Rijo in LIVRO DAS FLORES
Bom dia:- Poema lindíssimo fascinante de ler.
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Um dia feliz